Thursday, August 28, 2008

Descoberta

Havíamos acabado de nos conhecer quando ela falou sobre minha vocação.
Quase estremeci.
Discordei, revidei, entorpeci.
Mas no fundo sabia que Maria tinha razão.


* * *

Às gargalhadas a mulher tremia de nervosismo.
Era sua primeira vez.
Impostei a voz para acalmá-la
Dizem que tons graves são reconfortantes.

Ao perceber do que se tratava
Os primeiros funcionários logo ergueram as mãos.
Nunca fui de palavras nem teatro.
Simplesmente encostava meu rifle em suas nucas
E esperava alguma demonstração de coragem.
Dessa vez não foi diferente.

Ela era uma caixa do banco. Ruiva, impaciente e agressiva.
Exatamente o que eu precisava.
Virou-se rapidamente e gritou na minha cara:
Leva o que quiser, mas não mata ninguém.

Vem comigo. Vem logo.
Qual é seu nome?
Maria, coloca o dinheiro na bolsa e vem comigo.

Júlia começou a reivindicar alguma coisa, mas não a deixei terminar a frase.
Não queria uma parceira medrosa.
Além disso, sua morte iria impressionar Maria.
A ruiva gostou.

Entra no carro que eu vou te mostrar minha vida.

Pegou-me pelo cabelo
E assim, sem mais nem menos, desferiu:
Você é Mal. Parece que nasceu para isso. Gostei.
Quase estremeci.

No comments: